27 julho 2011

RUA D. PEDRO V, antiga Rua do Moinho de Vento

R. D. Pedro V, Arco do Evaristo

A RUA D. PEDRO V pertence a três freguesias. À freguesia da ENCARNAÇÃO os números 1 a 57, à freguesia de S. JOSÉ todos os números pares, à freguesia de SANTA CATARINA do número 59 em diante.
Começa na Rua Luísa Todi em frente do número 1 e termina na Praça do Príncipe Real no número 35.
A Rua D. Pedro V, antiga Rua do Moinho de Vento, foi assim chamada por estar muito perto do campo e ser ventosa.
Segundo se lê na obra de Norberto de Araújo em "Peregrinações em Lisboa", «esta artéria era uma estrada de terra batida que corria entre (terras de semeadura)». Já tinha servido causas patrióticas pois «os ingleses de Maria Tudor, auxiliares de D. António Prior do Crato, quando cercaram Lisboa em 1589, tempo de Filipe II de Espanha, estiveram aqui acampados».
No início da antiga Rua do Moinho de Vento (actual Rua D. Pedro V), encontramos o Convento de S. Pedro de Alcântara e sua Capela, também chamada dos Lencastres. Datam do século XVII e reproduzem a grandeza de um Arcebispo de Braga e Primaz de Espanha, "Cardeal Inquisidor" D. Veríssimo de Lencastre, descendente de D. João II.
A sua Capela dedicada aos Santos Veríssimo, Máxima e Júlia Mártires de Lisboa, testemunho de uma cristandade bastante antiga. ( o percurso da vida destes Mártires, impossível de averiguar com rigor, aparecem descritos num códice quatrocentista na Biblioteca Pública de Évora, -cód. CV/1-23d).
O espaço deste Convento e Igreja é pertença da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, é um exemplo de coesão entre diferentes manifestações de arte decorativa do Barroco português, no que diz respeito ao ornamental de mármore policromados que os revestem.
Foi nesta rua, no Pátio do Tijolo, que existiu a Litografia de Portugal fundada no ano de 1803. Hoje com 105 anos de idade, fomos encontrar a referida firma no Cabeço de Montachique (LOURES), muito bem estruturada (de notório prestígio Nacional e Internacional) e ainda, com o mesmo nome: «LITOGRAFIA DE PORTUGAL, S.A.».
No Pátio do Tijolo está instalado o Palácio Braamcamp, edifício datado do século XVIII, onde funcionou o primeiro Liceu Francês.
Desde 1963 está nesse mesmo Palácio a funcionar a Caixa de Previdência do Pessoal de Câmara Municipal de Lisboa.
Neste Palácio viveu além de Anselmo Braamcamp (que lhe deu o nome) o Fontes Pereira de Melo.
Segundo o Itinerário Lisbonense, esta rua «é a continuação da Patriarcal Queimada, vindo da parte do Rato e termina no Largo de São Pedro de Alcântara». Pertencia à freguesia da Pena em 1780.
Em 1885 a rua acompanhou os sinais do tempo, mudando o nome para D. Pedro V.

CALÇADA DO MOINHO DE VENTO


A Calçada do Moinho de Vento é um arruamento no limite das freguesias da Pena e de São José, em Lisboa.Num processo da Inquisição, de 1594, é mencionada a existência de um moinho de vento na encosta do Campo de Santana. O topónimo «Moinho de Vento» já data, pelo menos, do século XVIII.
Localização: do Campo dos Mártires da Pátria à Rua de Santo António dos Capuchos.
Freguesia: São José

(Fonte: Wikipédia)

Nessa noite pelas nove horas o conselheiro Acácio, muito abafado, descia o Moinho de Vento, quando encontrou Julião, que vinha de ver um doente na Rua da Rosa.

(Eça de Queirós, O Primo Basílio)

CONVENTO DA ENCARNAÇÃO DAS COMENDADEIRAS DE SÃO BENTO DE AVIS


Localização

Largo do Convento da Encarnação
Freguesia: Pena

Data
Século XVII - XVIII

A construção primitiva do convento data de 1630, em terrenos de D. Aleixo de Meneses, e tinha como principal objectivo abrigar as Comendadeiras da Ordem Militar de São Bento de Avis.
Em 1643, é instituída a Irmandade das Escravas do Santíssimo Sacramento sob a protecção de Nossa Senhora da Encarnação, funcionando na igreja do convento.
O edifício ficou parcialmente destruído com o terramoto de 1755 o que o deixou inabitável, transferindo-se as freiras para a cerca do convento de Santo Antão.
As obras de recuperação terminaram em 1758 altura em que as religiosas regressaram solenemente ao seu convento em coches reais cedidos por D. José I.

Bibliografia
SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo (dir.), Dicionário da História de Lisboa, 1.ª ed., Sacavém, Carlos Quintas & Associados – Consultores, 1994, pp. 336-338.

(Fotografia e texto: http://revelarlx.cm-lisboa.pt/gca/?id=585)


(...) Ao Loreto, Julião parou subitamente, e exclamou:
- Ai, esquecia-me! Sabe a novidade, conselheiro? A D. Felicidade recolhe-se à Encarnação.
(...)
O Conselheiro disse:
- Sempre conheci naquela senhora ideias retrógradas. É o resultado das manobras jesuíticas, meu amigo! - E ajuntou com a melancolia do liberal descontente. - A reacção levanta a cabeça!

(Eça de Queirós, O Primo Basílio)

26 julho 2011

OS JARDINS ADORMECIDOS DA PATRIARCAL

Imagem de "Lugares Queirosianos", sítio da Biblioteca Nacional

No século XV este local era conhecido por Alto da Cotovia, onde, em finais do século XVII, o filho do marquês de Alegrete - João Gomes da Silva Teles, projectou a construção de um palácio, depois abandonado e ficando em ruínas, sendo em 1740 a lixeira do Bairro Alto.
Estas terras foram então vendidas à Companhia de Jesus, cujos padres limparam o local e mandaram construir o Colégio das Missões, depois destruído com o terramoto de Lisboa, de 1755. Aí se iniciou a nova Sé Patriarcal, mas sofreu um incêndio que a destruiu, ficando ao abandono. Por volta de 1789, o visconde de Vila Nova de Cerveira sugeriu o aproveitamento destas ruínas para a construção do Real Erário, a Tesouraria Central do Reino, mas cujas obras se tornaram tão dispendiosas que o projecto acabou por ser esquecido em 1797. Em 1830 era um local de entulho, que a Câmara mandou limpar para ali colocar uma praça. Construiu-se então um jardim com características românticas, segundo uma traça datada de 1853 e designada por Praça do Príncipe Real em 1859. Nos anos 50, foi chamada por Largo de D. Pedro V; e entre 1911 e 1919, de Praça Rio de Janeiro, tendo retomado o seu nome em homenagem ao filho primogénito de D. Maria II. Em 1861 iniciaram-se os trabalhos de terraplanagem da praça; em 1863 a Companhia das Águas terminou a construção do Reservatório de Água da Patriarcal que, para além de abastecer o jardim fazia a ligação com diversos chafarizes de Lisboa: Século, Loreto e S. Pedro de Alcântara. Em 1869 promoveu-se à iluminação e ajardinamento do local, segundo projecto do jardineiro João Francisco da Silva. O jardim com um área de 1,2 ha, foi concebido segundo o gosto romântico inglês e organizado à volta de um grande lago octogonal com repuxo. Nele se destacam várias espécies arbóreas, salientando-se o enorme cedro-do-Buçaco, o ex-libris da praça, com 20 metros de diâmetro. Possui canteiros de recorte simétrico com plantas e flores multicolores e pequenos arbustos. Oficialmente designado Jardim França Borges em 1915 quando ali colocaram um busto dedicado a este jornalista republicano em sua homenagem.

(Texto do sítio LISBOAVERDE, Câmara Municipal de Lisboa)

18 julho 2011

RUA DO FERREGIAL DE CIMA

Estarão recordadas as nossas leitoras daquela manhã em que o Conselheiro Acácio visitou Luiza, encontrando-a  acompanhada do seu dilecto primo. Esta gente de oitocentos era basicamente bem intencionada, pelo que houve cenas de piano e cantorias, amabilidades de cavalheiros e, no final, depois de saber que Bazilio estanciava no Hotel Central, o Conselheiro ofereceu a sua casa: Rua do Ferregial de Cima número três, terceiro. - Era nesta rua que hoje se chama Vítor Cordon.

(Capítulo IV de O Primo Bazilio, p.110 da edição Livros do Brasil)

13 julho 2011

Noite palaciana







No passado Sábado, algumas leitoras desta Comunidade, foram até ao Forte de S. Julião da Barra assistir a um espectáculo de música clássica, que nos trouxe “Os concertos para cravo, flauta e orquestra de Johann Sebastian Bach”. Momentos mágicos, proporcionados por um grupo de músicos excelentes que souberam tirar partido de um local tão especial como é a Cisterna do Forte. Viemos encantadas com a harmonia do espaço, da música e dos próprios instrumentos. Ficam as fotos da Maria Amélia para ilustrar a beleza da noite…

Programa
 CONCERTO EM RÉ MENOR PARA 3 CRAVOS E ORQUESTRA BWV 1063
Mafalda Nejmeddine, cravo 1; Júlio Dias, cravo 2; Marcos Magalhães, cravo 3
CONCERTO EM  FÁ MAIOR PARA 2 FLAUTAS, CRAVO E ORQUESTRA BWV 1057
António Carrilho, flauta de bisel 1; Gonçalo Freire, flauta de bisel 2; João Paulo Janeiro, cravo
                CONCERTO PARA 4 CRAVOS E ORQUESTRA BWV 1065
Mafalda Nejmeddine, cravo 1; Júlio Dias, cravo 2; Marcos Magalhães, cravo 3; João Paulo Janeiro, cravo 4

 Flores de Música
Florian Deuter, violino e direcção
Mónica Waisman, Álvaro Pinto, Raquel Cravino e Maria Bonina, violinos
Tera Shimizu, viola
Hilary Alper, violoncelo
Duncan Fox, violone
João Paulo Janeiro, cravo e direcção

08 julho 2011

A pedido de Luiza...


“A malaguenha” de Ernesto Lecuona. Direcção de Orquestra de Placido Domingo.

"...
- Psiu, Sebastião! A malaguenha, faz favor?
Sebastião começou a tocar a malaguenha. Aquela melodia cálida, muito arrastada, encantava-a. Parecia-lhe estar em Málaga, ou em Granada, não sabia: era sob as laranjeiras, mil estrelinhas luzem; a noite é quente, o ar cheira bem; por baixo de um lampião suspenso a um ramo, um cantador sentado na tripeça mourisca faz gemer a guitarra; em redor as mulheres com os seus corpetes de veludilho encarnado batem as mãos em cadência; e ao largo dorme uma andaluza de romance e de zarzuela, quente e sensual, onde tudo são braços brancos que se abrem para o amor, capas românticas que roçam as paredes sombrias vielas onde luz o nicho do santo e se repenica a viola, serenos que invocam a Virgem Santíssima cantando as horas...
- Muito bem Sebastião! Gracias..."

in "O Primo Basílio" de EQ

05 julho 2011

"O Primo Basílio" de Eça de Queiroz, 29 de Julho às 21h00


A abrir:

“Tinham dado onze horas no cuco da sala de jantar. Jorge fechou o volume de Luís Figuier que estivera folheando devagar, estirado na velha voltair de marroquim escuro, espreguiçou-se,  bocejou e disse:
- Tu não te vais vestir, Luísa?
- Logo.
Ficara sentada à mesa a ler o Diário de Notícias, no seu roupão de manhã de fazenda preta, bordado a soutache, com largos botões de madrepérola; o cabelo louro um pouco desmanchado, com um tom seco do calor do travesseiro, enrolava-se, torcido no alto da cabeça pequenina, de perfil bonito; a sua pele tinha a brancura tenra e láctea das louras; com o cotovelo encostado à mesa acariciava a orelha, e, no movimento lento e suave dos seus dedos, dois anéis de rubis miudinhos davam cintilações escarlates…”

O Primo Basílio, em versão cinematográfica (3)



Última longa metragem de António Lopes Ribeiro, realizada em 1959 e que, segundo consta, teve um certo fracasso. O actor principal, António Vilar, era o galã  da época...

O Primo Basílio, em versão cinematográfica (2)


Em versão de cinema mudo Português, "O Primo Basílio", de Georges Pallu (Col. Cinemateca Portuguesa). Mais aqui

O Primo Basílio, em versão cinematográfica (1)



Seguindo os passos da Joca, aqui ficam algumas imagens dos filmes sobre "O primo Basílio". Primeiro, o filme do realizador Brasileiro Daniel Filho, com intérpretes excelentes e cenários a rigor.