30 janeiro 2014

ANTES QUE ANOITEÇA


Por coincidência, andando em busca de outras fontes, eis que se me depararam estes registos, de 30 de Janeiro de 2009... quem se lembra ainda das instalações do João e da participação da Cláudia, precisamente a proponente do livro desta sessão-- Azul Cobalto, da Patricia Highsmith? Aparecíamos à meia dúzia de cada vez, mais um, menos um. Tempos. Isto, antes que anoiteça. Há 5 anos.

PALÁCIO DA FLOR DA MURTA . A VISITA





Palácio da Flor da Murta, ou Quinta da Terrugem, Paço de Arcos, Oeiras... o que resta de um vasto domínio senhorial, com origem patrimonial no século XVI. Visita cumprida, cumpre agora dela dar parte. 
Primeira desilusão: embora classificado como Imóvel de valor concelhio, o edifício, seus anexos e espaços exteriores vedados, estão alugados pela CMO à empresa SANEST, a qual, facultando o acesso à visita programada, limita-o aos exteriores, não admitindo a entrada no edifício... Como estava a chover, ainda pudemos ver a adega antiga, transformada em sala polivalente. Enfim, os novos senhores em seus domínios!
Pontos importantes da visita: a estrutura porticada da fachada, permitindo ver de perto as colunas de mármore com seus capitéis e o lintel da porta da capela brasonado e datado (1549); o silhar de azulejos, com motivo do século XVI, considerados os mais antigos do concelho (outros azulejos, igualmente valiosos, foram roubados em 1999 da capela…); a estrutura hidráulica de abastecimento ao palácio e espaços verdes, que se mantém, excecionalmente, desde o século XVIII, conforme nos explicou o Fernando Lopes, a partir de condutas enterradas (das quais ainda se vislumbram na paisagem os respiradouros), parte de um sistema regional de abastecimento de água, contemporâneo (e subsidiário?) do Aqueduto das Águas Livres (voltamos, também aqui, ao Magnífico). O que subsiste visível são tanques de rega e os lagos ornamentais, como exemplo da utilização de um recurso natural, em geral desperdiçado.
Quanto à história da Flor da Murta, ela tem muito que se lhe diga, de tal maneira que, entre o documentado e o deduzido, já deu azo a uma bibliografia, Luísa Clara de Portugal, A Flor da Murta, 1702-1779, da autoria de Alice Lázaro, Chiado Editora.

A descrição da propriedade, como era cerca de 1940, tem-na Memórias da Linha, da Branca de Gonta Colaço e Maria Archer. Se estas autoras, que já se queixavam das alterações que a paisagem ia sofrendo, pudessem hoje voltar ali, iam perder a fala!

29 janeiro 2014

HERVÉ VILARD, Capri c'est fini



Capri, c'est fini,
Et dire que c'était la ville
De mon premier amour,
Capri, c'est fini,
Je ne crois pas
Que j'y retournerai un jour.       :)     :)     :)     :)

27 janeiro 2014

TAMBÉM CLARICE LISPECTOR





Também ontem, na FCC, alheada dos azulejos, mas aproveitando ter ido ver a Aula Pública da Sofia (Projeto 10x10), andei pela livraria e trouxe o Catálogo da exposição sobre a Lispector, que tivémos oportunidade de visitar entre Abril e Junho de 2013 (e Perto do Coração Selvagem).
E não teria reparado nesta fotografia, na página 54, não fora o facto de o local da mesma ser a Villa San Michele em Capri: Clarice está sentada no parapeito do terraço exterior, com a mão esquerda pousada sobre o flanco da esfinge egípcia de granito, que Axel Munthe colocou no cimo do promontório, vigiando a Baía de Nápoles e o Vesúvio.
Clarice Lispector chegou a Nápoles em julho de 1944, iniciando o período de 16 anos longe do Brasil, enquanto acompanhava as missões diplomáticas do marido e escrevia.
Sem mais conjeturas, permitam-me que ligue esta imagem às palavras de Nélida Piñon, que a acompanhou até ao fim:

" Clarice era assim. Ia direto ao coração das palavras e dos sentimentos. Conhecia a linha reta para ser sincera. Por isso, quando o arpão do destino, naquela sexta feira de 1977, atingiu-lhe o coração às 10.20h da manhã, paralisando sua mão dentro da minha, compreendi que Clarice havia afinal esgotado o denso mistério que lhe frequentara a vida e a obra. E que embora a morte com a sua inapelável autoridade nos tivesse liberado para a tarefa de decifrar seu enigma--marca singular do seu luminoso génio--, tudo nela prometia resistir ao assédio da mais persistente exegese."

26 janeiro 2014

O BRILHO DAS CIDADES. A ROTA DO AZULEJO


Aquilo que não vi na exposição: a figura de convite (lacaio, mordomo, etc.), um género de azulejaria praticado nos palacetes dos séculos XVIII e XIX. Normalmente estava à entrada, no átrio ou na escadaria de acesso ao salão, simbolizando as boas-vindas apresentadas pelos donos da casa aos seus convidados. Recortava-se em tamanho natural a partir de um silhar.
Há uma peça na exposição que se aproxima deste conceito, embora não corresponda, quanto a mim, à figura de convite típica, tal como as que aqui ficam nas imagens supra.

24 janeiro 2014

Sob o signo de Amadeu

Por falar em jovens pintores portugueses, prematuramente desaparecidos, cuja obra prometia, aproveito para mais uma «colherada» em arte e literatura. No CAM esteve uma exposição intitulada «Sob o signo de Amadeu. Um século de arte.» O século de arte disse-me pouco. Não sou uma entendida em arte contemporânea. As instalações e peças em vários e inusitados suportes, que não os clássicos, deixam-me sempre atónita, varada, indiferente ou soltando uma gargalhada. Se calhar é a provocação que se pretende. (Não levem a mal o meu desconhecimento).
Do que realmente gostei foi do pequeno núcleo de artistas do início do séc. XX e da grande mostra de Amadeu. Amadeu, que deixaria o público do seu tempo talvez tão surpreendido como as obras mais recentes me deixam a mim, toca-me pela composição, plasticidade e cor. O conjunto de desenhos, achei-o maravilhoso, combinando elementos exóticos, com um imaginário medieval e outros e uma incrível estilização.
E, em ligação à literatura, não se esqueceu o autor, do «nosso» fidalgo de manchego, do seu «ginete» e do seu dedicado criado, Sancho, convenientemente estirado na sua manta, no desenho «O Moinho».
De sublinhar também as ilustrações para o conto de S. Julião Hospitalário, de Flaubert (1877), inspirado(?) nos vitrais medievais da catedral de Ruão, que também Monet pintou.
Segundo o site http://www.snpcultura.org/tvb_a_lenda_s_juliao_hospitaleiro.html :
« No final do conto - “Esta é a história de São Julião Hospitaleiro, mais ou menos como é contada num vitral de igreja, na minha terra” -, Flaubert convida o leitor a um programa de investigação hermenêutica. A cópia e a ilustração de Amadeo respondem-lhe com um desafio equivalente.»
Amadeu teria passado férias na Bretanha em 1912 e a Normandia fica perto, ou talvez não haja ligação. Mas o conto, em francês , foi soberbamente ilustrado.E fiquemo-nos por aqui, porque isto não pára!
Fiquemo-nos com a Biblioteca em Chamas de Viera da Silva, também ali exposto. Uma bela imagem para a nossa paixão pelos livros.

D. Quixote, Amadeu de Souza Cardoso

O Moinho

A Procissão de Corpus Christi

O Príncipe e a Matilha


Catedral de Rouen, Claude Monet


Edição ilustrada da  «La Légende de Saint Julien l'Hospitalier», de Gustave Flaubert


Ilustração de «La Légende de Saint Julien l'Hospitalier»

A Biblioteca em Chamas, Helena Vieira da Silva


Poema (outro) azul

Para os/as amantes de azulejos aqui vai um pequeno aspecto da mesquita do Imã em Ispaão/Ispahan no Irão. Digam lá se não dá vontade de viajar e fazer relatos encantados?


PINTURA E LITERATURA : A COR QUE NOS FALTA

 Guilherme Santa-Rita (1889-1918)
Cabeça cubo-futurista (1912)
 
Guilherme Santa-Rita, conhecido por Santa-Rita Pintor, privou em Paris com Marinetti, também com o nosso Mário de Sá-Carneiro que o fez personagem  (Gervásio Vila-Nova) da sua novela  A Confissão de Lúcio.
Deu indicações à família para que, por sua morte, lhe destruíssem toda a obra. Poupo as minhas leitoras a mais dados biográficos: consultem a Wikipédia ou abram os livros.
Nas  cartas para Fernando Pessoa, diz o poeta de Dispersão:
 
= Paris, 28 Out. 1912
Querido Amigo
Tenho andado muito com o Guilherme de Santa-Rita.
É um tipo fantástico, não deixando no entanto de ser interessante.
Imagine você que a uma mesa do Bullier, em frente duma laranjada – e tendo por horizonte o turbilhão dos pares dançando uma valsa austríaca – de súbito, a propósito já não sei de quê, me desfechou esta:
 – … porque eu, sabe você meu caro Sá-Carneiro, não sou filho da minha mãe…
Julguei estar sonhando, mas ele continuou.
   O meu pai, querendo dar-me uma educação máscula e rude, mandou-me para fora de casa quando era muito pequeno. Fui para uma ama cujo marido era oleiro. Essa ama tinha um filho. Uma das crianças morreu. Ele disse que fora o seu filho. Entretanto a instância de minha mãe e devido a eu ter ido com uma companhia de saltimbancos tendo sido encontrado em Badajoz (…) voltei para casa dos meus pais. Em 1906 porém a minha ama morreu e deixou uma carta para minha mãe em que confessava que quem morrera fora o filho dela. Logo eu não era filho da minha mãe mas sim da minha ama. É este o lamentável segredo, a tragédia da minha vida. Sou um intruso.
 
Uns dias mais tarde, nova carta para Pessoa, escrita do Grand Hotel du Globe 50, rue des Écoles
 
= Meu caro
(…)
Ainda a respeito do Santa-Rita: Ele explica a sua habilidade e a sua tendência para a pintura por o seu pai ser oleiro…
Actualmente, disse-me, trabalha num quadro  que representa «o silêncio num quarto sem móveis»…
Há pouco tempo pintou também – coisa que considera uma das suas melhores obras – um pequeno quadro que representa um W.C. Não posso julgar das obras porque não as vi. Ele mesmo afirma que as coisas que pinta só umas 10 pessoas, em todo o mundo, as podem não só compreender como ver…

 
Depois de reler estas duas cartas, penso, com toda a sinceridade, como a nossa vida é pobre e tão vazia de cor.
 

A MESQUITA AZUL

Antes que mais poesia brilhante e outras variadas ideias se interponham, aqui vai, sem comentários didáticos, mas dedicada à Paula e às meninas que estiveram nesta visita a Istambul, em 2009, de saudosíssimas aventuras, uma amostra do banho de azulejos que a Mesquita Azul proporciona. O fascínio provocado por esta simbiose de arquitetura e revestimento, constituindo uma obra de arte completa, nem me incutiu o desejo de fotografar o pormenor...sendo que cada módulo ou padrão é digno de nota. E mais poderá dizer a Custódia, amante de pormenores...





23 janeiro 2014

IRISALVA *


Saiu de casa à hora do desassossego dos pássaros,
quando os homens, nas tabernas, deixavam cair
sobre o mármore das mesas os braços dolentes
de resignação. Uma rosa de pano
adornava-lhe, num fingimento álacre,
a cintura do vestido. Levava a mala
vazia de sonho e, na pele, uma saudade do amor.
A manhã era uma sombra, um desafio,
uma promessa ínvia: ela conhecia como ninguém
o fragor da distância, o remorso lívido do corpo,
o gume vivaz da esperança por cumprir.   
Desapareceu, era já noite, num vórtice de árvores
e searas murchas, o silêncio da planície
cortado pelo grito rouco da automotora.

 
*Personagem de URBANO TAVARES RODRIGUES em Bastardos do Sol

VOLTAR ATRÁS: AINDA CAPRI (2)







Isto está a compor-se: volto aqui, em continuação do post anterior, depois de várias interessantes incursões, no mundo dos azulejos e da pintura, as quais, como era de esperar, me levam à evocação de outros ambientes e reflexões, objetos eventuais de um retorno a estas páginas.
Retomando o fio à meada, no caso pendente, o fio que me (nos) liga a Capri... 
Quando visitei a ilha, nos idos de 1997, não estava minimamente preparada para o que me esperava e o pouco tempo de que dispúnhamos também não permitia veleidades, para além do que o tour turístico oferecia. Tinha uma referência importante da arquitetura moderna, a casa mítica de Cúrzio Malaparte, de Adalberto Libera, na Ponta Massullo, um promontório particular sobre o oceano. Consegui vê-la a partir do barco, de bem longe (conforme foto). Mas o que nos levaram a ver de perto, e é aqui que volto à literatura (com a qual não é obrigatória a ligação, mas que naturalmente emerge) e à Arte, sendo que a Arquitetura também entra nessa conta, o que nos levaram a visitar, dizia eu, foi o Museu Axel Munthe, na casa (Vila) que este personagem (não consigo chamar-lhe escritor) construiu no cimo da escarpa em Anacapri, num local onde existiam ruínas, nomeadamente de uma capela dedicada a S. Miguel (San Michele). A casa é fantástica, assim como a coleção de arte antiga. Pertence ao governo sueco, a quem foi legada pelo proprietário. O que achei interessante, foi perceber (agora), que, tal como Pousão e os outros artistas da época, também este médico sueco, com uma vida aventurosa, se apaixonou pela luz de Capri, tendo visitado a ilha pela primeira vez em 1885, pouco tempo depois do nosso herói (imagino que se tenha alojado no mesmo albergue, em Anacapri). 
Foi durante a visita da casa que me apercebi do seguinte, e é deste pormenor que desejo falar: a enorme popularidade do museu e da própria ilha, deve-se, em grande parte, à divulgação d' O Livro de San Michele (título em português, coleção Dois Mundos, Livros do Brasil), obra (bastante) autobiográfica, escrita por Axel Munthe, com uma primeira edição em 1929 e que se tornou num best seller mundial. O livro é um mosaico de histórias, um cadinho onde supostamente se forjou a vida fabulosa do autor, incluindo uma espécie de tomada de posse da ilha... E já estou a efabular. O que queria dizer é que, de repente, num local que nem previa visitar, onde provavelmente não voltarei, me dei conta de duas coisas: aquele era um autor e um livro que tinha lido na adolescência e ficara nas profundezas da memória (talvez porque não devo ter captado nem a terça parte do que li) e mais: desfazia-se enfim um enorme equívoco! San Michele não era o Monte Saint Michel! Como se deduz do atrás citado, o nome da Vila deve-se à existência da capela de invocação do Santo.
É claro que, assim que cheguei da viagem, fui logo reler o livro, mas reservo para outras ocasiões os comentários possíveis.
Abreviando: para não acharem que a minha confusão era única e só devida à ignorante adolescência, aí vai um exemplo de capa que demonstra o contrário, ao lado da referida e que apresenta o local corretamente. 
   


MAIS PINTURA: BARALHAR E DAR DE NOVO

Não é só na estranja que se podem ver grandes obras de pintura. Cinco Artistas em Sintra (1855), de Cristino da Silva e O Grupo do Leão (1885), de Columbano. Museu do Chiado, num próximo domingo de manhã voltarei a atacar. Quem são os artistas, quem são?

SEMPRE EM FRENTE: PINTURA E LITERATURA --- CESÁRIO VERDE ENTRE O REALISMO E O IMPRESSIONISMO

CLAUDE MONET, O piquenique (1865) , Museu Pushkin, Moscovo
 
DE TARDE
 
Naquele pic-nic de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
 
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
 
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
 
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
 
CESÁRIO VERDE
 
NOTA: O sentido pictural deste poema é dado no último verso da primeira quadra: “Em todo o caso dava uma aguarela”. Sente-se de imediato que o poeta se dispõe a pintar com palavras.
Depois, somos surpreendidos por uma paleta de cores: “um granzoal azul”, “um ramalhete rubro”, “púrpuro”. Diria estarmos perante uma pintura realista já de passagem para uma apreensão impressionista do real.
Aqui fica esta interpretação pessoal, ligeira e despretensiosa, eventualmente semelhante - no todo ou em parte - a outras já feitas.  

Azulejos do Mundo

Já que estamos «numa» de interligar assuntos, que globalmente farão sentido e se tocarão aqui e ali, remeto-vos agora para o «nosso» humilde e habitual, bem português, azulejo, fabricado em série por ordem pombalina para revestir o interior e exterior das casas reconstruídas dos escombros do terramoto; revestindo qualquer fachada de prédio de Lx, por inteiro ou em elegante e desapercebido friso de Arte Nova, até ao início do séc. XX;decorando as casas de emigrantes, com muitas reticências estéticas, há 30 anos e agora, descendo ao subsolo e ornamentando, sob a égide e desenho de grandes nomes, o metro lisboeta. Isto para nomear apenas alguns casos. Houve tantas e tão ricas utilizações do azulejo em Portugal! É uma arte decorativa e de revestimento, por vezes de qualidade artística desigual, mas com um encanto «naif» muito especial. Uma arte de pequenos pormenores... E de narrativa pela imagem por excelência.

Mas não é apenas nossa: é isso que a exposição da Fundação Gulbenkian nos demonstra. Arte que fez o esplendor das cidades e construções, numa rota que vem do Oriente e, via a «estrada» do Mediterrâneo, se encontra presente no Sul e Norte da Europa. Desde os «Inícios» no Oriente Próximo, passando pelas «Paredes que Falam», quais cartazes e quadros de outras épocas; a sua «Decoração e Mensagem» revelam muito sobre quem os produziu; são veículos de «Poética Narrativa» nessa sempre constante ligação  entre literatura e arte, espécie de bandas desenhadas de temas bíblicos, mitológicos ou outros (das fábulas de La Fontaine, até compêndios de Matemática e Geometria); e, finalmente  «Sob o Signo do Progresso: nos séc. 19 e 20», fábricas, técnicas, designs, utilizações... tais são os núcleos temáticos do passeio pela Rota do Azulejo.
 Rota que acompanhou outras, certamente, e que não deixa de nos maravilhar, estendendo-se  da Pérsia dos azuis turquesa, à China; da Turquia dos brilhantes Iznik, à Síria; dos alicatados do Magrebe,  aos coloridos de  Valência e Sevilha, às cidades italianas e seus elegantes pavimentos, à Flandres e Holanda e os seus avulsos a azul e sépia  e painéis de desenho de fino traço e a Portugal, da esfera armilar do palácio de Sintra, espaldares de bancos para descansos conventuais, frontais de altares imitando intrincadas taperias, damas sofisticadas no toucador, «chinoiseries», deusas e musas, produção seriada da Fábrica do Rato de delicadas florinhas; das fábricas de  cerâmica de Bordalo  e de Sacavém à Grã- Bretanha de William Morris e Alemanha da Villeroy & Bosch.
Aqui ficam alguns exemplos:



Friso dos Arqueiros, Susa, Irão, c. 522-486 ac, Museu do Louvre

Azulejo em estrela, com dourados, Kashan, Irão, c. 1270 , Gemeentemuseum, Den Haag


Pavimento, oficina italiana, Antuérpia, entre 1512 e 1541, Gemeentemuseum, Den Haag

Azulejo em estrela com figuras, Kashan, Irão, 1296/1297, Museu do Louvre

Esfera armilar, Palácio Nacional de Sintra

Azulejo didáctico, Coimbra (?), c. 17/1750, Museu Machado de Castro, Coimbra

A Kaaba, em Meca, Kütahya, Turquia, primeira metade do séc. XVIII, Museu do Louvre

Revestimento, Magrebe, c. 1450,  Museu del Disseny  de Barcelona



Azulejos Isnik, Turquia , segunda metade séc. XVI,  museu Calouste Gulbenkian

Azulejo chinês, c. 1700/1730,  Tegelmuseum, Otterlo, Holanda

Cercaduras com crianças brincando,  Talavera de la Reina, c. 1564/1565,  Colecção Família Cardoso Pinto

Painel La Xocolatada (pormenor), Barcelona , 1710, Museu del Disseny  de Barcelona


Painel La Xocolatada , Barcelona , 1710, Museu del Disseny  de Barcelona
Revestimento de parede, William Frend De Morgan e William Morris, 1876/77, Museu d' Orsay

Rafael Bordalo Pinheiro, 1904, Museu Rafael Bordalo Pinheiro

Max Laeuger , Kandern, Alemanha, 1908/10, Tegelmuseum, Otterlo, Holanda

Bülent Erkmen, Painel,  Azulejos Iznik, Instambul, 2009, Museu do Azulejo

Figura de Convite: Minerva, primeira metade séc. XVIII, Portugal