25 novembro 2015

Os caminhos do contrabando


Rio Erges - Foto daqui
A abrir o Capítulo Segundo

"Raia de Espanha. Serranias azuis e violentas que se amaciam subitamente em olivais, campinas de trigo, planaltos de terra vermelha. Caminhos de  estevas, de fragas, onde o perigo sai dos barrancos e dos muros ou caminhos melancolicamente guarnecidos de plátanos, abrindo clareiras na mata de pinheiros mansos, de um verde calmo e opulento onde se escondem os celeiros das companhias agrícolas. Mas antes de os ganhões desempregados e os contrabandistas de profissão chegarem a essas terras têm de atravessar os baldios do seu país. Para cá das faldas desabrigadas, com o rio Erges, esmagado entre muralhas de granito, o casario nasce dos moinhos afogados nas enxurradas, sobe penosamente as margens das ribeiras, agacha-se à sombra das rochas e espraia-se  por fim  em aldeolas mesquinhas. Depois vem a planície, triste como um descampado, devassada pelo vento de Espanha, que satura o ar de poeira e solidão. Planície nua, crestada pelo sol que amadura as infindáveis searas de trigo..."

In "A Noite e a Madrugada" de Fernando Namora


18 novembro 2015

NA OUTRA BANDA

COMUNIDADE DE LEITORES DA BIBLIOTECA JOSÉ SARAMAGO, FEIJÓ-ALMADA. Este sábado, 21 de Novembro, às 15 horas. Animador: Davide Freitas.

09 novembro 2015

"A Noite e a Madrugada" de Fernando Namora - 27 Novembro, 20h30


Não a abrir, mas lá mais para a frente do primeiro capítulo:

"... Quando as galinhas começavam a postura, o mudo levantava-se muito cedo, com as cautelas e o alvoroço de um ladrão. Safava os ovos do galinheiro, escondendo-os nas abas enfunadas da blusa, e negociava-os com as criadas das casas ricas. Elas, apesar de enjoadas com o cheiro daquele corpo imundo, tinham de lhe apoiar as mãos sobre os ombros, apaziguando o terror do mendigo de que alguém o denunciasse ao sobrinho. Só deixava de fazer sinais de recato, quando sentia o apoio dessas mãos;..."

in "A Noite e a Madrugada" de Fernando Namora - Capítulo I