19 março 2015

SEM TÍTULO

AS NOSSAS LEITORAS que façam uma pausa no Varguitas (livro que, por boas razões, ainda nem comecei a ler) para apreciarem esta bela figura de homem que eu respiguei de um exemplar de 1933 da revista Cinéfilo. Manoel de Oliveira, como é sabido, fez de "jeune premier" no celebradíssimo A Canção de Lisboa, de Cottinelli Telmo, um arquitecto que, além de outras coisas, sabia fazer filmes. Enfronhado que tenho andado na investigação destas matérias, talvez nem chegue a ler o livro para a sessão de dia 27. Lá terei de figurar, então, na coluna negra da impiedosa estatística daquela nossa querida amiga... Paciência, se não puder falar do livro programado, falo de Elogio da Madrasta, do mesmo autor, uma obra muito mais educativa.

18 março 2015

Simplesmente Maria


Tesourinhos deprimentes, extraídos da internet: quem se lembra da rádio novela "Simplesmente Maria"? 

Simplesmente Maria era um folhetim que passou na Rádio Renascença, ao longo de 500 episódios (ena tantos...), entre Março de 1973 e Novembro de 1974, transpondo, por isso, o tempo da Revolução do 25 de Abril de 1974. 

Cada episódio ia para o ar depois do almoço, entre as 13:30 e 14:30 horas, mais coisa menos coisa.
A história deste folhetim radiofónico, uma espécie de telenovela sonora, girava à volta de amores e desamores da figura central, uma jovem criada chamada Maria.
Era uma história de "faca e alguidar", muito característica das novelas mexicanas.
Certo é que folhetim prendeu literalmente a atenção de milhares e milhares de portugueses (mulheres em particular) durante quase dois anos. Após o almoço, as mulheres da altura, quase todas domésticas, ficavam de ouvido colado ao aparelho de rádio e lenço na mão para enxugar as lágrimas. Era uma hora "solene" tudo parava para não se perder pitada dos diálogos e discussões da Maria com o Alberto, o Tony, filha da Maria, do Estevão e todos os outros. Só visto...ou melhor...só ouvido. Depois, eram as conversas à volta do assunto, as opiniões e os palpites quanto ao rumo da história. Situação parecida, só se verificaria uns poucos anos mais tarde (1977) com a telenovela brasileira "Gabriela", a primeira a passar na RTP.

A popularidade era tal que, a par da versão radiofónica, era publicada semanalmente a versão em revista, a chamada fotonovela, com edição a cores, que se tornou assim muito popular, rivalizando com as famosas fotonovelas da Corin Tellado que nessa época eram devoradas pelas mulheres portuguesas.

03 março 2015

"A Tia Julia e o Escrevedor", de Mário Vargas Llosa, 27 Março, 21h00


"A Julia Urquidi Illanes a quem tanto devemos eu e este romance" - dedicatória do autor

A abrir:

"Nesse tempo remoto, eu era muito jovem e vivia com os meus avós numa quinta de paredes brancas da Rua Ocharán, em Miraflores. Estudava em San Marcos, Direito, creio, resignado a mais tarde ganhar a vida com uma profissão liberal, ainda que, no fundo, tivesse gostado mais de chegar a ser um escritor. Tinha um trabalho de título pomposo, salário modesto, apropriações ilícitas e horário elástico: director de Informação da Rádio Pan-americana. Consistia em recortar as notícias interessantes que apareciam nos jornais e maquilhá-las um pouco para que fossem lidas nos noticiários. A redacção, sob as minhas ordens, era um rapaz de cabelo empastado e amante de catástrofes chamado Pascual. Havia noticiários de hora a hora, de um minuto cada, excepto os do meio-dia e das nove, que eram de quinze, mas nós preparávamos vários ao mesmo tempo, de modo que eu andava muito na rua, a tomar cafezinhos na Colmena, às vezes ia às aulas, ou então estava nos escritórios da Rádio Central, mais animados que os do meu trabalho..."

in "A Tia Julia e o Escrevedor" de Mário Vargas Llosa

CLUBE DE LEITURA DO MUSEU FERREIRA DE CASTRO

Esta a leitura de sexta-feira 6, 18 horas, no Museu Ferreira de Castro. Capa de Carlos César Vasconcelos sobre fragmento de La débacle (1892), de Theodore Robinson.