17 março 2016

A IMPRENSA PERIÓDICA NEO-REALISTA NOS SEUS PRIMÓRDIOS (2)

Primeiro número da revista Altitude (1939) de que FERNANDO NAMORA foi um dos fundadores e directores, juntamente com CORIOLANO FERREIRA, JOÃO JOSÉ COCHOFEL e JOAQUIM NAMORADO. Publicaram-se somente dois números. De FERNANDO NAMORA há um poema, Pintura, o excerto de um romance a que dava o título Salto Mortal, mas cujo texto veio a ser englobado em Fogo na Noite Escura, e uma "Página Inútil", publicada sob pseudónimo feminino, MARIANA CAMPOS, um pouco ao jeito das notas diarísticas de IRENE LISBOA e NATÁLIA NUNES nos seus começos.
-- Fonte: MÁRIO SACRAMENTO, Fernando Namora, Lisboa, Editora Arcádia - Colecção a Obra e o Homem, s/d.
 

16 março 2016

"Casa na Duna" de Carlos de Oliveira - 2 de Abril às 15h00


A abrir

"Na gândara há aldeolas ermas, esquecidas entre pinhais, no  fim do mundo. Nelas vivem homens semeando e colhendo, quando o estio poupa as espigas e o inverno não desaba em chuva e em lama. Porque então são ramagens torcidas, barrancos, solidão, naquelas terras pobres."

In "Casa na Duna" de Carlos de Oliveira

Amigos, porque o último sábado do mês de Março, está no fim-de-semana Pascal, avançamos excepcionalmente com a nossa sessão de leitura, para o dia 2 de Abril.

A IMPRENSA PERIÓDICA NEO-REALISTA NOS SEUS PRIMÓRDIOS (1)


Elemento decisivo na estruturação do aparelho cultural neo-realista, a imprensa periódica desempenhou um papel pleno de riscos e contrariedades.
Caso assinalável é o da revista Cadernos da Juventude (Coimbra, 1937), cujos exemplares do primeiro e único número (63 páginas) foram apreendidos ainda na tipografia e destruídos pelo fogo em auto-de-fé no pátio do Governo Civil de Coimbra.
Salvaram-se dois exemplares, o que permite conhecer o conteúdo da publicação. Palavras do prefácio: « Para nós, a juventude vale na medida em que possui a consciência da sua universalidade e a noção bem viva da sua posição no mundo como elemento essencial de fecunda transformação.» 
Um artigo assinado por Manuel Filipe, com o título “Considerações sobre a missão do intelectual e o problema da cultura”, centrava-se no ensaio La trahison des clercs, de Julien Benda, discutido naquela altura nos círculos restritos da vida cultural portuguesa. Benda defendia a independência política e a neutralidade partidária dos intelectuais, em desacordo, portanto, com o comprometimento militante dos escritores e artistas do neo-realismo nascente. «A concepção de Benda pretende prolongar, num mundo que já se descobriu contraditório, a memória duma estabilidade primordial à qual o homem teria unicamente de se acomodar», diz-se no artigo. Para os Cadernos, o artista, o escritor, o cientista e o filósofo não podem encerrar-se nas suas "torres de marfim", desvinculados do momento histórico, limitando-se a dizer: "O meu reino não é deste mundo."

--- Fontes: António Pedro Pita, Conflito e Unidade no Neo-Realismo Português e Luís Augusto Costa Dias, A Imprensa Periódica na Génese do Movimento Neo-Realista (1933-45).

11 março 2016

OS CAMINHOS QUE FAZEMOS

Desta feita, entre Lisboa, Vila Franca e Alhandra: com a visita ao  museu do Neo Realismo, pudemos inteirar-nos de factos, figuras e histórias ligadas ao Movimento, algumas delas desconhecidas ou de ligações insuspeitadas. Complementar as leituras de Redol e Pereira Gomes com esclarecimentos de locais, ambientes e contextos, foi, a todos os títulos, uma experiência inolvidável. Mais inolvidável ainda porque estes caminhos que fazemos -- das leituras, reflexão, questionamento, procura e descobertas, de tantas formas -- também estas das visitas, percursos e convívio, tudo isto fazemos em grupo, cultivando, imperceptivelmente, uma harmonia e uma riqueza espiritual que só a amizade concede.
Aqui ficam algumas imagens, para juntar a outras que já tinham sido partilhadas. Obrigada a todos.