13 julho 2016

PIERRE DE RONSARD (1524-1585)

O poeta da Pléiade – autor dos Amours de Cassandre e de Marie, dos Sonnets pour Hélène – que inspirou Somerset Maugham naquela dedicatória num seu livro: Mignonne, allons voir si la rose (O Fio da Navalha, lembram-se?) e que agora vejo referido por Nabokov em Lolita (Primeira Parte, Capitulo 11). Isto anda tudo ligado...

Je te salue

Je te salue, ô merveillette fente
Qui vivement entre ces flancs reluis;
Je te salue, ô bienheuré pertuis,
Qui rend ma vie heureusement contente!
C'est toi qui fais que plus ne me tourmente
L'archer volant qui causait mes ennuis;
T'ayant tenu seulement quatre nuits,
Je sens ma force en moi déjà plus lente.
Ô petit trou, trou mignard, trou velu,
D'un poil follet mollement crêpelu,
Qui à ton gré domptes les plus rebelles:
Tous verts galants devraient, pour t'honnorer,
À beaux genoux te venir adorer,
Tenant au poing leurs flambantes chandelles!


 Traduza quem quiser, eu não arrisco.

06 julho 2016

"Lolita" de Vladimir Nabokov - 30 Julho às 15h00


A abrir

"Nasci em Paris, em 1910. O meu pai era pessoa branda e indolente, uma salada de genes rácicos: cidadão suíço de mista ascendência franco-austríaca, com umas gotas do Danúbio nas veias. Daqui a um instantinho mostrar-lhes-ei alguns deliciosos postais ilustrados, de um azul muito brilhante. Era dono de um luxuoso hotel da Riviera. O seu pai e dois avós tinham vendido vinho, jóias e seda, respectivamente. Aos trinta anos desposou uma jovem inglesa, filha de Jerome Dunn, o alpinista, e neta de dois párocos de Dorset, especialistas em assuntos obscuros - paleopedologia, um, e harpas eólicas, outro. A minha muito fotogênica mãe morreu num singular acidente (piquenique, faísca) quando eu tinha três anos e, exceptuando uma bolsa de cálida ternura no mais negro passado, nada subsiste dela nos vales e fissuras da memória, sobre os quais, se ainda podeis suportar o meu estilo (estou a escrever vigiado), o sol da minha infância deixou de brilhar: todos vós conheceis, certamente, esses fragrantes restos de dia suspensos, com os mosquitos, sobre alguma sebe em flor, ou subitamente penetrados e atravessados pelo caminhante, no sopé de um monte, no crepúsculo estival; um calor de velo macio, mosquitos dourados..."


In "Lolita" de Vladimir Nabokov