16 agosto 2017

O MAR DOS AÇORES

Ilha de S. Miguel, fotografia de Dezembro de 2015
 
O MEU MUNDO NÃO É DESTE REINO, capítulo 3, exemplo de uma das diversas alterações introduzidas pelo autor na edição de 2015:
«Cadete garantia, por um sofisma da sua mente complicada, que a cor do mar dos Açores era o branco. Porém, as crianças sustentavam que não existia nenhuma cor para definir a eternidade da água. A sua contínua convulsão, ao ser remexida pelos ventos invernosos da Ilha, com o branco da espuma a sobrepor-se à cinza do Inverno, fazia com que o mar se assemelhasse a uma contínua e laboriosa sucessão de ninhos de répteis em movimento flutuante sobre as cristas das águas. Mais parecia uma paisagem picotada a pontos brancos, em toda a extensão visual. » ------- 8ª edição, revista e reescrita pelo autor.
«Cadete garantia, por uma espécie de sofisma da sua mente complicada, que o mar dos Açores era branco. Porém, as crianças sustentavam que nenhuma cor deste mundo podia definir a eternidade da água, porquanto essa contínua convulsão aproximava o seu aspecto não da saliva das cobras e dos seus ninhos, mas da humidade sem cor de qualquer réptil. Era um mar de rodilhas, um mar asmático, de lixívia em tecidos puídos e sem obra, e a sua magríssima água, rochosa e salina, expelia para a terra uma respiração de sono sem pálpebras.» ------- edições anteriores.
 

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