11 março 2018

"Enseada Amena" de Augusto Abelaira, 23 de Março às 21h00


A abrir

"Só agora Ana Isa dá por isso: o casaco de lã que, momentos antes, ao sentar-se muito cansada naquele banco da Avenida, pôs de lado ao alcance da mão, poderia parecer (a olhos estranhos) que guardava um lugar. Para um amigo? Uma amiga? Por exemplo (ideia que não lhe passou pela cabeça): um lugar para o Osório - o Osório que nesse preciso instante a observa, o Osório que duas ou três vezes já, nos últimos anos, a tem visto aqui ou ali, sentada ou a andar, e não vai ter com ela, o que é (ele bem o sabe) uma fuga..."

"Enseada Amena" de Augusto Abelaira

2 comentários:

Maria Amélia disse...

A 15% da leitura, pergunto em cada página: quem diz o quê, onde e quando? (Não estamos habituados a certos estilos? Ou já esquecemos outras experiências?). Para mim este ano de leituras está a ficar difícil.

Manuel Nunes disse...

A superação do tempo linear e a plasticidade das personagens. Uma forma de narrar não tradicional. Cruzamento de planos narrativos, de vozes, avanços e recuos na linha da história. A sugestão de ambientes, como os que nos são dados por uma câmara de filmar. Mais “aventura da escrita” do que “escrita da aventura”. E na abertura do capítulo IX, aquela frase de Galeno que persegue as rectas consciências dos leitores (e das leitoras) desde o último livro de Mário de Carvalho: Omne animal triste post coitum :)